Open Data Day Manaus 2020
Assim como uma gota de chuva cristalina pode provocar ondas num oceano escuro, dados abertos podem propagar conhecimento na sociedade. Essa é a missão da Open Knowledge Brasil, que durante o Open Data Day celebra os dados abertos com uma verdadeira chuva de conhecimento livre por todo o mundo. Como membro do programa Embaixadores de Inovaççao Cívica da OKBR tive o privilégio de ser uma gotícula dessa chuva transparente. Foi um verdadeiro banho de dados abertos de lavar a alma!
Durante os dois dias de debates e palestras sobre diversos temas como transformação digital, LGPD, inteligência artificial, ecossistema e monetização de dados abertos, com a participação da Superintendente da CGU, Mona Liza, do Auditor Fiscal do TCE, do Professor Mário Bessa, Eduardo Nunan, do Procurador Aldo Evangelista, do CEO da Meritocracity, João Victor, do Diretor Técnico da Empresa de Processamento de Dados Amazonas S/A (PRODAM), e com o apoio do Samsung Ocean/UEA e do SEBRAElab, o que percebemos aqui em Manaus, foi que dados abertos se tornam muito mais poderosos quando conectam pessoas!
Aqui estamos acostumados com chuvas torrenciais, típicas de florestas tropicais. Não por acaso, a Amazônia é também conhecida como “rainforest”. Diariamente, são transportadas pela atmosfera cerca de 20 bilhões de toneladas de água, através do vapor d’água exalado da floresta amazônica. Isso representa 3 bilhões de toneladas a mais do que o rio Amazonas, o de maior volume de água do mundo. Esse imenso volume de água flutua invisível sobre a Bolívia, o Paraguai e os estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Se dados fossem gotículas de vapor, esse “rio invisível” seria como o wi-fi da do planeta.
Apesar de conhecermos muito pouco sobre a floresta amazônica e termos poucos dados ainda sobre ela, raros deles abertos, precisamos estar mais conectados à ela. No site dados.gov.br existem 37 conjuntos de dados encontrados para “amazônia” e no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) existem 14 datasets de dados abertos. Apesar de não ser uma grande quantidade de dados, são capazes de nos dizer muito sobre o estado crítico de desmatamento que a floresta se encontra atualmente. Embora tente-se relativizar esse impacto ambiental, contra dados abertos não há argumentos!
Segundo o Open Knowledge Foundation, dados abertos são aqueles que “podem ser livremente usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer pessoa - sujeitos, no máximo, à exigência de atribuição da fonte e compartilhamento pelas mesmas regras”, para mim este conceito se resume a uma palavra: interoperabilidade. Este é o grande valor dos dados abertos: permitir a livre circulação de conhecimento! O Open Data Day reforçou nosso propósito enquanto Embaixadores de Inovações Cívicas e deixou a certeza de que o conhecimento livre, baseado em dados abertos e em uma internet neutra, segura e colaborativa, são as chaves para abrir as portas, os caminhos e os horizontes de uma sociedade melhor.
LUCAS PRADO, 35 anos, é servidor público, escritor, cientista de dados, Embaixador de Inovação Cívica da OKBR e Co-Founder da Meritocracity.