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Inovação Cívica nas Universidades: relato de experiência com o QD Universidades

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Um caminho para expandir os trabalhos de inovação cívica, é levá-los para as Universidades

Por Adolfo Guimarães

Depois de quase 10 atuando no ensino superior, decidi traçar outros caminhos dentro da computação. Foi nessa busca que conheci a Escola de Dados, a Open Knowledge Brasil e, em seguida, o Querido Diário. Em 2022, fui selecionado para o terceiro ciclo de pessoas embaixadoras da Open Knowledge Brasil (OKBR) e só aí tive a dimensão dos trabalhos que poderiam ser desenvolvidos nessa área e o amplo escopo de aplicação dos projetos.

Acredito que esse alcance pode ser ampliado se a inovação cívica chegar nas universidades. Com isso em mente, me inscrevi para o primeiro ciclo do QD Universidades com o projeto de Iniciação Científica da Universidade Tiradentes que aplicava Processamento de Linguagem Natural em dados dos diários oficiais dos municípios. A experiência do primeiro ciclo foi muito positiva. O acompanhamento constante da Open Knowledge Brasil e da equipe da PCDaS foi fundamental para isso.

“O envolvimento de alunos de graduação vai além do conhecimento técnico adquirido no processo. A participação deles em um projeto que aplica o conteúdo visto no curso, permite que esses alunos sejam agentes de divulgação desse tema dentro do ambiente universitário. É preciso ressaltar que estamos lidando com um público em formação, e que precisamos pensar não só na formação técnica, mas também em sua formação cidadã e crítica.”

Um ponto importante dentro do trabalho da rede e do QD Universidades é a possibilidade de envolver alunos de graduação em um ambiente de discussão aberto, diverso e que entende que existe um processo de aprendizagem para esses alunos. Um ambiente que visa os resultados nas pesquisas, mas também como é o processo até esses resultados. Isso ficou claro ao longo dos encontros e pode ser validado pelo depoimento dos alunos participantes. Trago o breve relato dos dois estudantes envolvidos no projeto.

Thiago Estombelo, aluno de segundo período de Ciência da Computação, disse: “a troca de conhecimentos e ideias com estudantes e professores universitários, todos apaixonados por suas áreas de estudo, foi estimulante e inspiradora. Trabalhar nesse ambiente permitiu-me não apenas contribuir com o projeto, mas também aprender de maneiras que vão muito além do que eu poderia ter imaginado”.

Já Ana Beatriz, aluna do sétimo período do Curso de Ciência da Computação, disse: “participar do projeto foi algo diferente e inovador porque eu ainda não tinha tido uma experiência oficial com a área de NLP, adquiri muito conhecimento e também pude interagir com mais pessoas focadas no mesmo propósito. Me apaixonei ainda mais por Python e mudou a minha visão sobre qual profissão seguir”.

“Nós, quanto rede de pessoas embaixadoras e professores universitários, temos o papel de ampliar esse alcance dentro das universidades por meio de projetos de pesquisa, desafios em disciplinas, trabalhos de conclusão, apresentações em eventos do curso. Acredito ser um passo fundamental para essas ações alcançarem um público fora de grupos que têm interesse direto nesse tema. Além disso, ampliar esse debate no escopo universitário permite criar projetos em conjunto com as mais diversas áreas: computação, direito, comunicação etc”.

Partindo agora para o segundo ciclo, espero ampliar as discussões não só técnicas mas também de envolvimento da rede em trabalhos desse tipo. Vamos continuar com o projeto de aplicar técnicas de Processamento de Linguagem Natural em diários de forma a ampliar o estudo de modelos de linguagem para esse tipo de aplicação. Mais do que isso, quero ampliar o envolvimento dos alunos nas discussões e na divulgação desses resultados para a comunidade acadêmica.

Por fim, fazer parte da rede tem sido uma jornada bem interessante. Ver o quarto ciclo começar com tantas pessoas de diferentes realidades e que podem contribuir com tudo isso, só faz ter certeza da importância da rede. Que venham mais ciclos, mais embaixadoras e mais projetos nos próximos anos 🙂.


Esse texto faz parte da série Guia de Atuação, que consiste em uma série de postagens com depoimentos de pessoas da rede, compartilhando experiências e formas de atuação dentro do cenário de inovação cívica brasileiro. O objetivo é compartilhar conhecimentos, em especial com as novas embaixadoras, bem como reforçar a importância da atuação em comunidade.

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