Precisamos multiplicar as ideias e ações, ampliando o alcance a outros públicos e descentralizando os saberes por meio de encontros, eventos e formações.
Por Ariane Alves
Posso iniciar este relato afirmando que tenho uma posição bastante privilegiada ao falar sobre a Rede de Pessoas Embaixadoras de Inovação Cívica: acompanhei o projeto desde o início e passei pelos três primeiros ciclos de integração dos participantes como gestora dessa rica comunidade — papel que hoje é muito bem ocupado pela Rebeca Almeida.
Durante três anos, fui a analista de comunicação digital da frente de Ciência de Dados para a Inovação Cívica da Open Knowledge Brasil, e pude contribuir diretamente com as ações e atividades de engajamento promovidas por e para a Rede.
Quis o acaso que um grupo de pessoas formado em outubro de 2019 com a finalidade essencial de realizar eventos de Inovação Cívica pelo Brasil se visse, cinco meses depois, em meio a uma pandemia que minou completamente por muito tempo a noção de reunir pessoas em um ambiente fechado para compartilhar saberes e experiências. Mal começamos a pôr em prática a ideia dos eventos presenciais com a mobilização em torno do Open Data Day 2020 no mês de março, de uma hora para a outra tivemos que cancelar os que já estavam planejados e readequar o esforço para a organização de edições online — vivenciando todos os prós e contras de um novo modelo de interação que era experimentado por muitas pessoas no mundo todo.
Durante a pandemia, a OKBR promoveu diversos eventos, cursos, mobilizações e ferramentas de monitoramento de ações governamentais em prol da transparência e do livre acesso à informação pública. Assim, a Rede de Embaixadoras foi se adaptando de maneira orgânica a uma forma remota de engajamento, acompanhando de perto e colaborando para aprimorar essas iniciativas.
Uma série de atividades de formação interna, viabilizadas por meio de encontros virtuais em que membros da rede ou convidados compartilhavam o conhecimento que tinham em áreas específicas, também contribuíram com o aspecto que, para mim, é o mais relevante do projeto: a heterogeneidade de repertórios, vivências e especialidades que compõem o grupo. Profissionais como jornalistas, advogados, servidores públicos, professores universitários e cientistas da computação integraram o mesmo espaço e puderam trocar experiências e adquirir novas visões sobre os temas de interesse da comunidade.
Listar todas as ações que a Rede de Embaixadoras já realizou é uma tarefa difícil, mas que, felizmente, está bem documentada nos relatórios publicados no Medium da Serenata e no site da OKBR, e atualmente compartilhada com os interessados por meio da newsletter Pull. Aqui, foco em trazer meus destaques: o já citado Open Data Day, as lives temáticas da Rede, as campanhas de mobilização no período eleitoral “carta-compromisso” e #CartaPorUmGovernoEstadualAberto e o Censo dos Diários Oficiais.
Saber que pude apoiar tudo isso e fomentar espaços e atividades para que a rede tomasse forma em seus três primeiros anos de atividade é motivo de orgulho em minha trajetória. Hoje, me somo às 167 pessoas embaixadoras e sigo apoiando e promovendo ações de fomento à inovação cívica no Brasil. Aos novos membros, gostaria de ressaltar a importância do princípio que originou esta rede:
“todo esse conhecimento sobre Inovação Cívica que adquirimos ao longo das atividades não pode ficar restrito aos nossos espaços. Precisamos multiplicar as ideias e ações, ampliando o alcance a outros públicos e descentralizando os saberes por meio de encontros, eventos e formações.”
Esse texto faz parte da série Guia de Atuação, que consiste em uma série de postagens com depoimentos de pessoas da rede, compartilhando experiências e formas de atuação dentro do cenário de inovação cívica brasileiro. O objetivo é compartilhar conhecimentos, em especial com as novas embaixadoras, bem como reforçar a importância da atuação em comunidade.